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segunda-feira, 15 de março de 2010

Pimbolim é Matraquilho

Não, eu não li o acordo por completo, mas sei o suficiente para poder opinar.

A embirração das pessoas até é compreensível. Ninguém gosta de mudanças. Uns alegam estética, até pode ser, mas não vai cair o Carmo e a Trindade.

1. O acordo é bem fundamentado do ponto de vista político-cultural. Pretende elevar o Português a um outro patamar, aglomerando as diferentes variantes: Português Europeu, Português do Brasil, Português de Angola, Português de Cabo Verde, Português de São Tomé, Português de Moçambique, etc.

2. Do ponto de vista linguístico é falacioso. Um acordo é suposto estabelecer norma. Um acordo que permite três maneiras de escrever 'António', não é um acordo, é um tratado a oferecer opções. É claro, que também há outras opções a ser discutidas, neste plano.

3. É indiferente se escrevo 'ação' em vez de 'acção'. Agora não pode ser para uma criança, uma vez que a sua escrita ainda não tem as bases suficientes e tem que ser acompanhada. Nisto, o papel dos professores também tem que ser revisto, uma vez que eles têm que ensinar ou alterar a ortografia. Este não é o primeiro acordo, certamente não será o último. Não percebo o porquê de tanto escândalo.

4. Plano da ortografia vs. Plano do léxico - a ortografia, no compto geral, pode ser a mesma, mas todos os países de expressão portuguesa vão continuar a ter léxico diferente. Porquê? Porque as influências linguísticas e culturais são diferentes. A evolução dos dialectos é diferente, quer na rapidez, quer nos resultados. Como dizia o Scolari - 'Pimbolim, é matraquilho'. Eu, portuguesa, continuarei a dizer matraquilho. Ele, brasileiro há-de continuar sempre a dizer pimbolim.

Concluíndo, como futura tradutora não estou totalmente em sintonia com o acordo, mas percebo em que moldes foi estruturado. Há que perceber que o acordo não tem a ver com nacionalidades, e que em nada muda a nossa maneira singular de pensar, de agir e de expressar.

É também óbvio que não gera consenso, nem em terras lusas, nem do outro lado do Atlântico. É no entanto, de salientar que com tanta piquice portuguesa o Brasil já se adiantou no que diz respeito ao mercado editorial e que com isso quem perde é Portugal por continuar num limbo.

Acho que o que tem que ser feito é uma revisão das regras linguísticas que o acordo apresenta.

O resto é conversa de intelectual ou de pessoa que não sabe do que é que anda a falar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem Carol. Isso foi uma meditação já prolongada ou brainstorm puro? De qualquer das maneiras abordaste todas as perspectivas creio.

Acho que quer gostemos ou não, como homens e mulheres de línguas lá nos teremos de adaptar à maré...

André Pereira disse...

Elevar a língua? Quanto muito rebaixa-la a brasileirismos e outras mutilações gramaticais.
Como pessoa continuarei e escrever como antes, como tradutor...sucks to be me.

Carol disse...

Qual rebaixá-la? Dantes escrevias pharmácia, agora escreves farmácia. Do outro lado tb há mudanças e também jorrou muita tinta sobre aquilo que para eles mudou.

Estás a confundir léxico com gramática. Não é a mesma coisa. Gramática é do plano da sintaxe, e tu no acordo não tens alterações na sintaxe. Aliás a sintaxe continua a ser diferente e é isso que nos sempre distinguirá. É por isso que o acordo em termos práticos não tem relevância absolutamente nenhuma. Só mudas a ortografia de algumas palavras, não vem mal ao mundo. Não é nenhuma escandaleira.