O meu âmago vive na praia. Lá se deita o meu corpo iluminado pelo sol e o vento quente.
Na praia percorro o mar até este se mergir com o céu. E aí me perco. Aí tudo sinto.
Amo os primeiros laivos de verão, quando os meus pés tocam a água fria e os grãos de areia se me entranham. Provo o sal na ponta dos meus cabelos, na minha pele, sal que me cobre poro a poro.
Na praia caminho até onde o chão acaba, enquanto a brisa e as gotas me envolvem. É onde canto e corro para o nada, talvez sonhando que alguém me irá abraçar lá ao fundo. Na praia a música toca em crescendo. Passo a passo, verso a verso, corro. As palavras mergulham mar adentro. A melodia e eu dançamos ao ritmo das ondas. Corro e canto e sonho. Desejo-te sem fim abrindo os braços ao céus.
Na praia mora a memória do teu beijo. Beijo salgado, quente. Os teus dedos e a areia acariciam o meu pescoço. Na praia nascemos. Na praia morremos quando o sol laranja desceu o céu rosado e tocou o azul da água.
No mar sou uma pena, perfurando a onda um arrepio percorre-me de uma ponta à outra. Lavo a mente. Lavo a alma. Lavo as lágrimas, para que o mar continue salgado. Esqueço a vida, esqueço-te, esqueço-me. Renasço. E perfuro as ondas e uma e outra vez.
Na praia sou a água fresca, sou brisa quente e doce, sou o pó, sou o brilho do sol. Na praia sou tudo. Na praia sou nada. Na praia sonho até onde o mar acaba. Na praia vive a minha alma.
Carolina
2 Abril 2012, Londres
1 comentário:
A praia aquece-te a alma, mas gela-te a pele. Em Londres, claro.
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