- Sabes, hoje senti saudades.
- Sim, eu sei. Vi-te no parapeito a fitar-me.
- Eh...Dás-me o conforto da incerteza.
- Eu não sou assim tão incerto, sou apenas imensidão.
- Também tens dias de surpresa e de melancolia. Mas concordo, és imenso.
- Tenho, claro, mas és tu que me pintas melancólico.
- Eu apenas procuro respostas.
- De novo o coração?
- Sim...E também a cabeça.
- Os dois nem sempre vivem em sintonia. Mas o que tem o teu coração?
- Saudades, o meu coração tem saudades.
- Daqueles pelos quais se enamorou?
- Sim, daqueles que nunca esqueci, daqueles que ora uma vez ora outra me enfeitiçam, daqueles que não suportamos ver com outros corações...Mas não só amores.
- Suponho também que daqueles a quem te entregavas, mas de quem também esperavas o regaço, a palavra ou mesmo a lágrima.
- Isso ficou para trás. Tem que ser assim.
- Porém tu continuas a fitar-me daí de baixo.
- O passado ajuda-me a perceber o presente e a mudar o futuro.
- Mas o futuro não se muda, o futuro planeja-se e espera-se.
- Confere, mas o futuro é feito das escolhas do presente.
- Também confere. Volta para dentro, procuras-me em demasia, o tempo foge-te como a areia das mãos.
- O tempo foge a todos os que nascem.
- O tempo só é tempo quando pensas nele, volta para dentro. Vai viver.
- Tudo bem, tudo bem. Até amanhã.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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2 comentários:
Adorei.
Muito bom.
O tempo começa a contar logo quando somos concebidos, se uns contam tempo para nascer, outros contam já o tempo para o fim.
Ao longo desse tempo o nosso coração enamora-se. Faz más escolhas, parte-se em bocados.
O tempo nunca pára. Até nasceres de novo, ou para o fim.
Está muito bom Carol. Tocou-me.
:)
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