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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Erasmus - um pré-balanço

E eu cumpri-o.

O meu sonho, a minha cidade. Desde Setembro que vivo numa cidade que sempre me fascinou. Não sei como começou essa paixão, algures no passado estarão comentários do meu pai, fotografias, ideias pré-concebidas.

Londres despertou algo em mim que eu já sabia que existia, mas que por condicionantes da vida, nunca quis equacionar. Conhecer o mundo. Como tenho facilidade com línguas, quanto mais estudo, mais se me aguça o desejo. Itália sempre foi um sonho adormecido, Holanda é já uma certeza, quem sabe Irlanda. Para já não me posso permitir a sonhar mais.

Isto para dizer que uma pessoa quando vê uma oportunidade deve ter a coragem de arriscar e agarrá-la como se fosse a última vez que isso acontecesse. Viver em Londres permite-me viajar por um preço bem mais amigável para a carteira, do que se fizesse essa viagem a partir de Lisboa.

Agora que o meu tempo aqui está contado e que já não tenho mais aulas posso começar a fazer um balanço do que foi a minha vida aqui.

No plano amoroso foi uma montanha-russa de emoções. Terminei, agri-docemente, a relação mais duradoura da minha existência. Não quis dar uma oportunidade de sobrevivência, porque não me achava capaz de sobreviver à distância. Algures pelo caminho questionei o meu acto.

Depois veio alguém que assumiu proporções incalculáveis em todo este processo. Alguém que me desafiou como mulher, alguém que me desafiou intelectualmente, alguém que me desafiou a ser pessoa, a ser melhor pessoa. Esse alguém vive uma realidade completamente diferente da minha, mas que se propôs e me convenceu arduamente a aceitar aquilo que eu não quis aceitar com quem amei anteriormente.
Após a nossa viagem a Espanha e depois de um período no qual a minha própria saúde estava em causa, a nossa relação atingiu um auge que eu talvez nunca tenha sentido antes. É um sentimento de que vale a pena a projecção de um futuro. No início, quem perguntava como iria ser depois, era eu. A resposta era sempre, isso depois vê-se. Odiava esta resposta. Adiá-la parecia-me absurdo. Era a minha felicidade que estava em causa. A minha integridade. Para ele era fácil. Para mim, não. Para mim sair de Londres é o cumprimento de um sonho, mas também um capítulo triste, porque tudo o que é bom acaba.
Passado uns meses era ele que trazia de volta o assunto. 'Vamos tentar! Vale a pena. Não sabemos o que acontece amanhã'. E agora, que me sinto no auge, oiço coisas como 'Acho que darás uma excelente mãe' - é absolutamente arrepiante pensar nisto. Não porque não queira ser mãe, quero, e muito, mas é o que a frase subentende - um futuro a dois, que parece irreal, e uma ideia que a caminho dos meus 21 anos eu nunca poderia veícular agora. E depois há aquele cliché do 'nunca amei ninguém como te amo a ti'. O que é que uma pessoa pensa quando ouve isto? 'Sim, está bem. E eu também ainda acredito no coelhinho da Páscoa, no Pai Natal e na fadinha dos dentes'. Mas o olhar contradiz-me. É o olhar intenso, de desejo, de ternura, de dolçura. Agora são as outras pessoas que me perguntam 'Então e como é que vai ser quando voltares' e eu respondo 'Continuaremos juntos e veremos o que acontece'. Uma pessoa planeia até onde pode, o resto é salto sem rede por baixo.

E este amor pôs em perspectiva todo o meu Erasmus. Primeiro porque condicionou a minha vida social. Segundo porque me desafia a ter alternativas. Eu nunca vi com a ideia de que vinha para a borga. Eu apenas queria viver aqui. Respirar a cidade, viver a cidade, aprender a cidade. É óbvio que uma pessoa quer sempre ter amigos, posso dizer que fiz alguns, mas o saldo (neste capítulo) é mais para o negativo do que para o positivo. Vivi momentos de solidão aqui. Longe, uma pessoa percebe quem realmente são os nossos amigos. E isso percebe-se quando voltamos e eles exigem a nossa presença, porque nós fazemos falta, porque nós somos alguém com quem eles querem estar. Penso que neste aspecto o meu Erasmus foi diferente do que para muitos alunos por esse mundo fora foi.

Não me arrependo das minhas escolhas a partir do momento em que encarei a minha relação como séria. Hoje encaro o amanhã com mais tranquilidade. A Marta há uns dias disse-me que eu não posso ter medo do futuro e que se eu penso muito, é porque não estou a aproveitar o presente. Não aproveitar o presente é não viver. E eu quero viver e o que tiver que acontecer, acontecerá, quero apenas que aqueles que considero meus amigos me acompanhem nesse comboio que é a vida. Porque eu não quero ficar na estação a ver as pessoas entrarem e saírem.

5 comentários:

André Pereira disse...

Parabéns, venceste :D

eu ainda hei-de tentar de novo :P

Carol disse...

Pode ser. A minha vida tem objectivos e agora com este cumprido é tentar cumprir o seguinte. Contudo não tenho muitos. Há que manter os planos só até curto/médio prazo.

Bjos

Morcegos no Sótão disse...

Eu que também ia à procura de amor, não o encontrei. Tu que não ias com isso no sentido, pimba!, apareceu. lol Realmente, a Vida dá cada volta... ;)

Espero acabar o curso (apesar da trabalheira infernal que estou a ter agora, que mal tive em 6 meses), esse é um dos objectivos a cumprir.

Os outros, o de saber que consigo valer por mim mesma, aguentar-me sozinha, e o de arranjar estadias à borla por esse mundo fora, esses foram cumpridos.

O bichinho das viagens e da aventura agora não pára.

MJNuts

Carol disse...

Nesse aspecto também saio com saldo positivo. Aprendi a virar-me sozinha. Enfrentar uma terapia num país estrangeiro não é fácil, se calhar já vou um bocadinho tarde, mas tenciono continua-lo em Portugal, não vá a coisa descambar de vez de cada vez que eu tiver uma crise académica ou existêncial. O de arranjar estadias à borla...Penso que é uma ideia um pouco egoísta, mas percebo o teu ponto de vista. Eu cá prefiro pensar que as estadias de borla como as chamas, são antes amigos que tu fizeste, e que se calhar até são para a vida.

O bichinho das viagens agora não pára mesmo! Haja dinheiro (e que não haja vulcões activos a parar meio mundo).

Cheers mate :)

Morcegos no Sótão disse...

Terapia é sempre fixe, onde quer que estejas. Eu gostei muito da minha experiência de group therapy, saldo positivo!

Estadias à borla são estadias à borla! Algumas delas são dadas por amigos, mas nem todos podem ser amigos. Alguns são e valem bem a pena. =) Outros, podem oferecer a casa, porque temos de ser uns para os outros e eu também dou tudo o que tiver se mo pedirem.

MJNuts