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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Conversa com o Nevoeiro

- Nevoeiro porque não te vais e me deixas falar com o céu?
- Por vezes eu tenho que intervir.
- Mas porquê?
- Porque eu trago o branco e o nada, e há quem precise que na cabeça não se passe nada mais que o nada.
- Mas eu não consigo fazer com que não se passa nada, que tudo seja branco. Por isso queria ver o céu.
- Porquê ver o céu quando podes ver todo o nada em mim?
- Porque o céu tem várias cores. Porque no céu há réstias de Verão e Inverno. Porque no céu se vê o infinito.
- Mas se nunca sentes o nada em ti, como consegues suportar todas essas inquietações, todas essas hipóteses que a tua cabeça formula a toda a hora?
- Não consigo, mas nem tu, nem o céu me vão dar respostas. Eventualmente eu encontrá-las-ei.
- Eventualmente...Mas fazia-te bem, por um segundo, deixares a tua mente cair no meu regaço e esquecer essa frustração, essa tristeza, essa culpa.
- Talvez, talvez. Mas o teu branco é incerto, é dúbio. Chega até a ser perigoso. Não sei o que pode acontecer no meio da tua brancura e do teu nada. E a culpa...A culpa é da minha fé nos outros.
- Pois, eu de facto não mostro tudo com clareza não. Não te preocupes, vou-me embora em breve.
- Obrigada.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

London, Italy and airports



During my exchange programme in London I have been trying to do one of the things I love the most: see places. Getting in a low cost flight and just go and see the world (well...Europe).

Most people hate airports. Some don't like flying. Some hate the waiting. Some just want to go home.
I love airports. Airports are the perfect spot for learning vital things for my future job, translation: there is no better place to listen to all the languages floating in the same area and it is one of the best places to actually observe people. You can learn so much about living in society and people's behaviour. It is really helpful. I like to observe people, to listen to their conversations, to see how their body language works, their precise and unique gestures. I find that quite amazing.

Let's take a trip to my last visits to airports!

The end of October has been quite blessed and I got back to my city. London.
It was strange, but good. I still had my 16-25 railcard so I was able to get my final discounts as a Londoner student. I knew exactly what to do and where to go.
I think I finally felt how much that city is important to me. I spent so much time there, I took so many long walkings by the Thames, I understand so well the old, dark and dusty underground...It felt I never left.
And I think that is the reason why I will eventually get back to live there. Because I understand and feel part of the culture, because I am foreign and I evaluate so well the good and bad, because I will always have Lisbon waiting for me to make up for the non-lasting sun and the panoramic views.
I will always complain about the food, always complain about how the tube gets me panic attacks, get annoyed about how people don't know how to walk in Oxford Circus or Tottenham Court Rd., but I will always love the enormous variety London as to offer. Even the mud of the foreshore sounds appealing, if you spare some time to have a walk by those lamps and trees.

I finally visited some food markets, I got back to Nero for some lovely Caramelatte and I was able to meet most of my dear friends. I even got the time to get back to long and busy Finchley Rd and have a meal at the Indian restaurant I used to go. Getting on the 13 was never so special. I felt quite nostalgic looking at my old bedroom window.

I am pleased of going back again in January, as I want to take some pictures with my new and proper camera. Go to some parks that I haven't got the chance to visit... Well, get more in love with the city, if that is possible.

Continuing my trip, ten days later I got back to charming Bologna. This trip was nothing of what I was expecting. Between severe delays due to the French strike and rude Italian people I don't know what could have gone worse...Oh wait, I know: miss all regional trains to Bologna and not being able to visit a new city, Milano.
Nevertheless, the purpose of the journey was not seeing new places. I mean, it was in a way, because I knew I was going to visit places I had seen before, but the main reason was to visit my dear and beautiful friend Marta. She is now experiencing the wonders of Erasmus. I could not possibly refuse to visit her, because when I was abroad she and three more of our friends made me very happy by visiting me. There are some times you feel so lonely that is really good when someone from home comes to share your new reality.
I am so glad I was able to get back to Bologna. I was able to see it with more time, to actually enjoy the food and the monuments and, obviously, to be with her.
Florence was not supposed to happen, but it was a lovely mistake on our train doomed plans. Venice was windy and rainy, although it was a still a pleasure, as it is such a mythic and unique place. Plus the company was perfect.

Next stop: London revival part II and PRAGUE! Yes, I am finally going to Prague.
If lat year I could not imagine I was going to visit Italy anytime soon, I could not possibly have guessed that I was going to revisit London and all the cities I have visited with Carolina in Italy and finally Prague.

Bare in mind that I have been working hard to fulfill all these hidden dreams.

Post again soon...I hope.

PS - Ana, consider yourself in that picture as well, if you please.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Honesty

Word of the day:


HONESTY.


Because it is obligatory, because it is the basis of everything, because it defines someone as whole.

Time for new blank pages be filled with ink.

C.
xx

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Rentrée

E mais um ano lectivo começa. Desta vez estou em minha casa, no meu quarto remodelado, com uma decoração nova e completamente ao meu gosto.

Ainda há vestígios de Londres, umas caixas para arrumar, coisas para catalogar...Enfim.

Contudo há também o início de algo novo. Eu pensava que pensar à FCSH seria fazer novos amigos, pois não teria nenhuma cara conhecida, mas enganei-me. Velhas caras receberam-me de braços abertos e com muita simpatia. O meu ego sentiu-se bem. Por alguma razão senti sempre que a minha base de amigos não era na faculdade e agora acho que pode ser o começo de algo importante e bom. Isto não quer dizer, obviamente, que eu não tivesse amigos de anos anteriores, mas alguns já não estão lá e, por outro lado, cada um tem a sua vida.

O regresso a Portugal foi muito agitado. Comecei logo a trabalhar nos festivais de verão, reencontrei-me com os meus amigos e tentei aproveitar ao máximo a cidade de Lisboa. Sinto-me mais velha, não só em termos de idade, mas mesmo como pessoa. Parece que num ano fiz muito e que evoluí. Isto para dizer que este blog tinha tanto pó como tem agora a minha mesa de cabeceira (que não deve ser limpa há dois meses!).

E agora vou voltar para as minhas traduções de Francês, e parar de engonhar!

Espero actualizar-me em breve.

C.
xx

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Land of Begin Again

I know it's been a very long time. A lot happened in between.
Today is just about a bright future. A sign of hope. Maybe tomorrow I'll write more about something else.



There's a land of begin again
On the other side of the hill
Where we learn to love and live again
When the world is quiet and still

There's a land of begin again
And there's not a cloud in the sky
Where we'll never have to grieve again
And we'll never say goodbye
When all your troubles just surround you
And around you skies are grey
If you can only keep your eyes on
The horizon, not so far away

There's a land of begin again
On the other side of the hill
Where we learn to love and live again
When the world is quiet and still

There's a land of begin again
And there's not a cloud in the sky
Where we'll never have to grieve again
And we'll never say goodbye

There aren't any signposts to guide you
You don't need permission to stay
And you'll find there's something inside you
Showing you the way

There's a prize we can win again
And together, somehow, we will
There's a land of begin again
On the other side of the hill



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sem título

Sem título.

Hoje a vida deu-me uma nova chapada. Estou em choque. Estou revoltada.

Acho que sempre encarei relativamente bem a morte do meu pai. Não me conformei, como é óbvio. A vida foi puta (não há outro nome), levou-o quando ele estava quase curado, embora ele tenha sempre dito que ia morrer cedo...

Ontem, depois de ver Glee, lembrei-me que a minha mente já não consegue encontrar a memória da voz dele...Consigo ver gestos, olhares, expressões, mas a voz perde-se com o passar do tempo. Acordo e tenho a notícia de que a mãe de um amigo meu, de quem eu gostava, partiu. E partiu sem aviso ou sinal.

O que me dói é que eu não estou no meu país para poder abraçar o meu amigo. Porque por mais que eu escreva, são só palavras. Eu sei que neste momento ele quer tudo menos palavras. Eu só precisei de estar um pouco sozinha, e de abraços. Os abraços são quentes, os abraços fazem-nos continuar, porque (cliché dos clichés) a vida continua. Destesto esta frase 'a vida continua'. Continua, mas nós temos que aprender a continua-la. A nossa perspectiva muda, a nossa sensibilidade também. Vemos a vida de uma outra maneira. Ás vezes tenho medo, muito medo. Outras não, outras acordo e vivo.

Eu achava que tinha aprendido a lidar com a morte, mas não. Enganei-me. Enganei-me porque sinto esta revolta, aquele nojo do acaso, de saber que não vou encontrar-me mais com essa pessoa ou com o meu pai. Porque consigo imaginar exactamente a sensação de vazio que vai na alma dele. Consigo imaginar o quão pesaroso deve estar a ser estar em casa.

Para ti só posso dizer: chora, chora muito. Depois pára, olha lá para fora e deambuleia. O tempo não cura, mas sara. A única certeza que vais ter é que a ferida poderá abrir de vez em quando. Mas passa. Agarra-te às pequenas memórias, aos pequenos gestos, aos momentos. Recorda isso com um sorriso, e não com uma lágrima, mesmo que por vezes não consigas evitar.
Gostaria muito de estar contigo, apesar de me sentir desiludida connosco nos últimos tempos. Gostaria de estar aí e ser um ombro.

O karma é foda mesmo. Mas depois da parte negativa, vem sempre a melhor parte.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Do piano para a guitarra

E porque o mês de Maio foi o mês das realizações musicais não poderia deixar de falar nesse jovem, nesse artista com 'a' capitalizado que é o John Clayton Mayer (sim, ele tem direito a nome do meio e tudo!).

Fui vê-lo ao Rock in Rio, pois era a primeira vez que tocava em Portugal, e tive a sorte de vê-lo em Londres (2 dias depois de Jamie Cullum e 6 depois dele actuar também em Lx) num recinto com uma acústica maravilhosa chamado Wembley Arena (não confundir com o estádio).

A minha jornada de John Mayer começou bem antes da de Jamie Cullum. Eu teria os meus 12 anos e tinha, numa das muitas estantes de álbuns da minha mãe, um chamado Room For Squares, que continha a faixa Your Body Is A Wonderland.
Lembro-me dumas férias em Cabanas de Tavira que, juntamente com este álbum, levava o Drops of Jupiter dos Train, porque numa noite quente de verão eram álbuns que eu achava que o meu pai gostaria de ouvir enquanto dormíamos ao relento.

Dois anos mais tarde, mostrei Daughters ao meu pai, ao que ele me disse uma coisa que eu ainda hoje tenho alguma dificuldade em perceber: "é música honesta". Honesta porquê? Seria a melodia? Seria a letra? Não sei, só sei que ainda hoje penso que é das músicas mais bonitas que alguma vez compôs, apesar de haver canções da sua autoria que são autênticos hinos à poesia e à eloquência.

Outra vez, não vou entrar em defesa dos meus gostos. Poderia dar mil e uma razões para explicar porque é que a música tando dele, como do Jamie, me levam ao paraíso das sensações. Poderia tentar explicar cada uma dessas sensações, mas é demasiado complexo.
De um modo geral a minha reacção é quase sempre a mesma quando os oiço tocar e cantar: fechar os olhos durante uns bons segundos e sorrir. Sorrir, não apenas com os lábios, mas também com os próprios olhos, com o pescoço, com as mãos, com as pernas e os pés. É a satisfação plena, é a abstracção total de que há um mundo lá fora, não existem relações ou preocupações, medos ou tristezas, apenas aquele momento. Aquele limbo. O meu cérebro não processa mais nada, o meu corpo está solto, livre para amar todos os sons, acordes, notas, palavras, estalar de dedos, bater de palmas e tudo mais.

John Mayer (e outra vez, à semelhança de Jamie Cullum) é um daqueles artistas que uma pessoa nunca pode formar uma opinião justa e coerente sem se ver actuar ao vivo. Por uma razão muito simples: são artistas que nasceram para actuar, que o acto de tocar e cantar é algo tão intrínseco nos seus seres como respirar; são artistas que tal como eu me perco na sua música, eles se perdem naquilo que estão a fazer.
É uma entrega tão genuína que se percebe com as expressões faciais que fazem. E aqui outra vez vêm os sorrisos. Ver o Jamie Cullum sentado ao piano e sorrir com uma reacção do público ou com uma nota que acabou de produzir é das coisas mais extraordinárias que já presenciei. Tal como ver o John Mayer entregar-se às suas guitarras e fazer coisas absolutamente surreais com elas. Tocar com uma mão pode parecer algo que outros também fazem, mas é o que ele toca: literalmente John Mayer consegue fazer com que uma guitarra cante e chore. No fundo, é a habilidade com que cada um deles manuseia os seus instrumentos (no caso do Jamie aquilo é mais que manusear, aquilo é pés, é ancas, é baquetas, é cadeiras, é tudo o que produza som) e o brilhantismo com que o fazem.
Em suma, são artistas que tiram o maior proveito das suas capacidades e que têm uma profunda e pura paixão e dedicação pela música.
Na minha opinião são os artistas que demonstram uma desenvoltura e uma naturalidade tão peculiar ao vivo que são os melhores. Os trabalhos de estúdio podem ser muito bons, mas a transposição para o palco às vezes perde muito. Neste caso não, ganham proporções gigantes de tão incrivelmente boas que são. Conheço-os de trás para a frente e de frente para trás e não há vez nenhuma, repito, vez nenhuma, que não fique incrédula ou que me emocione.

O meu pai ainda era vivo quando saiu o Continuum, mas penso que nunca chegou a ver as versões de Gravity, Vultures ou Bold As Love ao vivo. Julgo que se tivesse teria adorado, pois era grande fã de Jimmi Hendrix e Eric Clapton. Aliás, este álbum em particular ecoa a Eric Clapton, numa versão mais Pop obviamente, absolutamente inacreditável. Não é coincidência, uma vez que admiração do Clapton pelo Mayer é mais que pública. De cada vez que vejo Gravity de Where the Light Is tenho arrepios na espinha.

Em jeito de conclusão, estou-me a borrifar para o que é cada um deles diz ou faz nas horas vagas, desde que continuem a dar música, porque a deles, na minha mais sincera opinião, é genial e extraordinária.

Aqui fica uma cover de Free Fallin'


sábado, 29 de maio de 2010

Amor de uma vida

Não me vou prender com as questões de géneros musicais ou com defesa de gostos.

Vou apenas expôr o meu.

Quem me conhece sabe que há anos que sou grande admiradora de Jamie Cullum. Não somente pela sua música, mas pela atitude que tem perante ela.
O Jamie é um tipo completamente apaixonado por aquilo que faz. Num mundo em que sempre procuramos a realização plena ele consegue-o devido ao seu talento e ao seu amor pela música. É alguém que se arrisca a experimentar e dá o corpo às balas se a coisa correr mal. É alguém que não se interessa se vendeu 5 ou se vendeu 100, porque o que interessa para ele é partilhar e dar concertos e acima de tudo, divertir-se.

No passado dia 25 de Maio vi o Jamie actuar pela quinta vez na minha vida. Podia argumentar que como foi o mais recente e foi em Lisboa, que foi o melhor da minha vida, mas não foi por isso. Foi pelo que vivi lá.

Pela primeira vez vi o concerto com uma pessoa que sabe tão bem aquilo que sinto. Uma pessoa que, sempre que falámos sobre JC, demos por nós a acabar as frases um do outro, a discordar e a concordar. Uma pessoa, que sempre o quis ver e que por azares do destino nunca o tinha visto ao vivo até à terça-feira passada. Falo do meu amigo Tomás.
O Tomás é como eu, um pouco mais calmo e reservado, mas tem mais ou menos as mesmas reacções. O Jamie lá faz uma coisa genial com o piano ou uma brincadeira com a voz e nós levamos as mãos à cara e dizemos 'como é que isto é possível?', ou então acenamos com a cabeça.

Não sei explicar...Por um lado já sei que vou ser surpreendida, por outro nunca sei medir o grau de surpresa. E eu tive um momento em particular que o Jamie se calhar já nem se lembra, mas eu nunca vou esquecer na vida. Estava eu a derramar umas lágrimas por causa 'What a Difference a Day Makes' quando o Jamie já se tinha precipitado para 'Photograph'. As primeiras notas e versos são calmos, e só depois entram os outros instrumentos. Ora, exactamente antes de haver essa explosão, ele olha para a minha pessoa cheia de lágrimas e com as mãos na boca, hesita, dá um sorriso misto entre o quente e o incrédulo, e após uns segundos lá continuou a canção. Quem me lê deve estar a achar que isto é um exagero, que não é normal as pessoas chorarem em concertos por causa de uma simples música. Acontece que eu não chorava pela música em questão, eu chorava por tudo aquilo que o Jamie já me proporcinou na vida.

A sua música libertou-me de uma maré negativa, fez-me acreditar que as pessoas que partilham uma paixão em comum não vêem diferenças ou rivalidades, fez-me acreditar na música como religião. Porque hoje, mais do que tudo, acredito que a música é a minha religião. E o Jamie abriu-me a mente para eu explorar novas sonoridades, novas emoções, até coisas completamente sem nexo. Fez-me não ter medo de admitir que gosto de banda x ou y, fez-me não ter medo de me perder completamente nas emoções enquanto estou a presenciar um momento musical. Ter um abraço dele, a disponibilidade torna-se quase secundário se eu pensar em toda a emoção do concerto.

Hoje em dia a minha vida não faz sentido sem o seu nome, porque mesmo que eu me canse um pouco de o ouvir, no dia a seguir eu vou redescobrir porque é que gosto tanto dele - porque ele era alguém que até à minha idade actual não sabia o que iria fazer da vida, que encarou a música sempre como algo que ele não podería nunca deixar de fazer na vida, que evoluiu extraordinariamente não só no piano, mas em diversos instrumentos, sendo quase um auto-didacta, porque ele é alguém que em palco dá tudo quer seja para 20 gatos pingados, quer seja para 16 000 pessoas.

Não posso também deixar de mencionar que mais uma vez o Jamie fez das suas e colocou na minha vida mais uma pessoa com quem eu sinto que vou criar mais uma relação de amizade, a Raquel.

No dia 25 a minha amiga Maria de Buenos Aires esteve também na minha mente, porque ela é alguém com quem eu um dia espero partilhar as mesmas emoções.

Até sempre, Jamie Cullum.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

De olhos abertos

Há momentos na vida em que uma pessoa não vê um palmo à frente dos olhos.

Por exemplo, quando estamos nervosos e procuramos algo ou alguém. No meio da confusão e da azáfama não reparamos que o objecto ou a pessoa está mesmo à nossa frente. Até aqui tudo bem, não é nada de grave.

Mas ocorrem situações que a pessoa pode prejudicar-se a sério com o facto de não ver um palmo à frente dos olhos.
Ler mal nas entrelinhas, ou pura e simplesmente, como me tem acontecido várias vezes ultimamente, ler erradamente o que me é dito numa mensagem são exemplos disso.

Mas o erro crasso é o do ser humano, especialmente quando está emocionalmente engajado. Este já me aconteceu um bom par de vezes - estar numa relação e não ver nada do que se passa à volta. Ou melhor, eu até via, mas não me dava ao trabalho de me importar por comodidade. Mas há pessoas que fazem ainda pior do que eu, que é não ligar nenhuma a pessoas ou acontecimentos à sua volta por querer dedicar-se à cara de metade. Isto não é inteiramente negativo, se fosse comigo eu gostaria dessa atenção, mas alertaria para essa eventualidade. Depois, se a relação acaba, um dos intervenientes acaba por abrir os olhos e ver aquilo que estava a perder - pessoas com quem dantes não travava conhecimento, não ligava e que agora têm toda uma intimidade. Chega até a ser irritante tal era o grau de cegueira.

Ou eu sou egoísta ou então sou apenas realista e tenho o prazer de dizer 'Eu bem te disse'.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lists

I love lists.

I make loads of them, I lose them, I find them later. It is quite funny.

Now that my main dream came true, I have set up a new list of goals. It concerns mainly travelling, but also my academic and professional life.

1. 2010-2011 - finish my degree and apply for the internship on the European Union.

2. Autumn/Winter 2010 - Prague and Budapest. Quick trips, like I am doing now with Italy.

3. Summer 2011 - Inter-Rail - I will obviously cut the UK and Paris. Spain will be just the remaining cities in the north I haven't seen. Definitely the south of France, Holland (repeat Amsterdam and visit a couple of new ones), Germany, Italy (Milan, Rome and I am still choosing cities in both north and south), Poland, Switzerland, Czech Republic and Croatia.

if not

Buenos Aires, Argentina - as a volunteer :D

Places I want to go after, when I have my life a little bit more established:

. Sicily
. Sardinia
. Corse
. Sofia
. India


It sounds a lot, but I have proved to myself that little by little, I can keep dreaming and making my lists.

terça-feira, 27 de abril de 2010

48 Hours

In 48 hours I have been in hell and got back to heaven again.
I've experienced a degree of pain that I only felt in two different occasions in my life - the same sort of the one we (I) experienced two days go, and my father's death.

In the end, the only thing that matters is:


I love you!

xxxxx

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Erasmus - um pré-balanço

E eu cumpri-o.

O meu sonho, a minha cidade. Desde Setembro que vivo numa cidade que sempre me fascinou. Não sei como começou essa paixão, algures no passado estarão comentários do meu pai, fotografias, ideias pré-concebidas.

Londres despertou algo em mim que eu já sabia que existia, mas que por condicionantes da vida, nunca quis equacionar. Conhecer o mundo. Como tenho facilidade com línguas, quanto mais estudo, mais se me aguça o desejo. Itália sempre foi um sonho adormecido, Holanda é já uma certeza, quem sabe Irlanda. Para já não me posso permitir a sonhar mais.

Isto para dizer que uma pessoa quando vê uma oportunidade deve ter a coragem de arriscar e agarrá-la como se fosse a última vez que isso acontecesse. Viver em Londres permite-me viajar por um preço bem mais amigável para a carteira, do que se fizesse essa viagem a partir de Lisboa.

Agora que o meu tempo aqui está contado e que já não tenho mais aulas posso começar a fazer um balanço do que foi a minha vida aqui.

No plano amoroso foi uma montanha-russa de emoções. Terminei, agri-docemente, a relação mais duradoura da minha existência. Não quis dar uma oportunidade de sobrevivência, porque não me achava capaz de sobreviver à distância. Algures pelo caminho questionei o meu acto.

Depois veio alguém que assumiu proporções incalculáveis em todo este processo. Alguém que me desafiou como mulher, alguém que me desafiou intelectualmente, alguém que me desafiou a ser pessoa, a ser melhor pessoa. Esse alguém vive uma realidade completamente diferente da minha, mas que se propôs e me convenceu arduamente a aceitar aquilo que eu não quis aceitar com quem amei anteriormente.
Após a nossa viagem a Espanha e depois de um período no qual a minha própria saúde estava em causa, a nossa relação atingiu um auge que eu talvez nunca tenha sentido antes. É um sentimento de que vale a pena a projecção de um futuro. No início, quem perguntava como iria ser depois, era eu. A resposta era sempre, isso depois vê-se. Odiava esta resposta. Adiá-la parecia-me absurdo. Era a minha felicidade que estava em causa. A minha integridade. Para ele era fácil. Para mim, não. Para mim sair de Londres é o cumprimento de um sonho, mas também um capítulo triste, porque tudo o que é bom acaba.
Passado uns meses era ele que trazia de volta o assunto. 'Vamos tentar! Vale a pena. Não sabemos o que acontece amanhã'. E agora, que me sinto no auge, oiço coisas como 'Acho que darás uma excelente mãe' - é absolutamente arrepiante pensar nisto. Não porque não queira ser mãe, quero, e muito, mas é o que a frase subentende - um futuro a dois, que parece irreal, e uma ideia que a caminho dos meus 21 anos eu nunca poderia veícular agora. E depois há aquele cliché do 'nunca amei ninguém como te amo a ti'. O que é que uma pessoa pensa quando ouve isto? 'Sim, está bem. E eu também ainda acredito no coelhinho da Páscoa, no Pai Natal e na fadinha dos dentes'. Mas o olhar contradiz-me. É o olhar intenso, de desejo, de ternura, de dolçura. Agora são as outras pessoas que me perguntam 'Então e como é que vai ser quando voltares' e eu respondo 'Continuaremos juntos e veremos o que acontece'. Uma pessoa planeia até onde pode, o resto é salto sem rede por baixo.

E este amor pôs em perspectiva todo o meu Erasmus. Primeiro porque condicionou a minha vida social. Segundo porque me desafia a ter alternativas. Eu nunca vi com a ideia de que vinha para a borga. Eu apenas queria viver aqui. Respirar a cidade, viver a cidade, aprender a cidade. É óbvio que uma pessoa quer sempre ter amigos, posso dizer que fiz alguns, mas o saldo (neste capítulo) é mais para o negativo do que para o positivo. Vivi momentos de solidão aqui. Longe, uma pessoa percebe quem realmente são os nossos amigos. E isso percebe-se quando voltamos e eles exigem a nossa presença, porque nós fazemos falta, porque nós somos alguém com quem eles querem estar. Penso que neste aspecto o meu Erasmus foi diferente do que para muitos alunos por esse mundo fora foi.

Não me arrependo das minhas escolhas a partir do momento em que encarei a minha relação como séria. Hoje encaro o amanhã com mais tranquilidade. A Marta há uns dias disse-me que eu não posso ter medo do futuro e que se eu penso muito, é porque não estou a aproveitar o presente. Não aproveitar o presente é não viver. E eu quero viver e o que tiver que acontecer, acontecerá, quero apenas que aqueles que considero meus amigos me acompanhem nesse comboio que é a vida. Porque eu não quero ficar na estação a ver as pessoas entrarem e saírem.

Things

Things.

Objects, notes, photographs, tickets, confetti, broken bracelets, rings given by lovers, laces, letters, flyers, maps, drawings. They are just things. Things that you put in a little pretty box. Things that you keep because they are a part of you, because they have a meaning, because they help you remind you of the good moments of your life.

But I often wonder why do I keep these things. I just open the little box from time to time. Sometimes it makes me sad because I wish those moments would last forever. Sometimes it makes me happy because I realize that I lived those moments fully. Still, why do I keep these things? One day I will die and they will all lose their meaning, and all those memories will die with me. My sons and daughters will never know why did I keep them, they will probably throw them away.

They are just things. They are my things.

Let's keep opening the box from time to time.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Conversa com o Céu

- Sabes, hoje senti saudades.

- Sim, eu sei. Vi-te no parapeito a fitar-me.

- Eh...Dás-me o conforto da incerteza.

- Eu não sou assim tão incerto, sou apenas imensidão.

- Também tens dias de surpresa e de melancolia. Mas concordo, és imenso.

- Tenho, claro, mas és tu que me pintas melancólico.

- Eu apenas procuro respostas.

- De novo o coração?

- Sim...E também a cabeça.

- Os dois nem sempre vivem em sintonia. Mas o que tem o teu coração?

- Saudades, o meu coração tem saudades.

- Daqueles pelos quais se enamorou?

- Sim, daqueles que nunca esqueci, daqueles que ora uma vez ora outra me enfeitiçam, daqueles que não suportamos ver com outros corações...Mas não só amores.

- Suponho também que daqueles a quem te entregavas, mas de quem também esperavas o regaço, a palavra ou mesmo a lágrima.

- Isso ficou para trás. Tem que ser assim.

- Porém tu continuas a fitar-me daí de baixo.

- O passado ajuda-me a perceber o presente e a mudar o futuro.

- Mas o futuro não se muda, o futuro planeja-se e espera-se.

- Confere, mas o futuro é feito das escolhas do presente.

- Também confere. Volta para dentro, procuras-me em demasia, o tempo foge-te como a areia das mãos.

- O tempo foge a todos os que nascem.

- O tempo só é tempo quando pensas nele, volta para dentro. Vai viver.

- Tudo bem, tudo bem. Até amanhã.

quarta-feira, 24 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pimbolim é Matraquilho

Não, eu não li o acordo por completo, mas sei o suficiente para poder opinar.

A embirração das pessoas até é compreensível. Ninguém gosta de mudanças. Uns alegam estética, até pode ser, mas não vai cair o Carmo e a Trindade.

1. O acordo é bem fundamentado do ponto de vista político-cultural. Pretende elevar o Português a um outro patamar, aglomerando as diferentes variantes: Português Europeu, Português do Brasil, Português de Angola, Português de Cabo Verde, Português de São Tomé, Português de Moçambique, etc.

2. Do ponto de vista linguístico é falacioso. Um acordo é suposto estabelecer norma. Um acordo que permite três maneiras de escrever 'António', não é um acordo, é um tratado a oferecer opções. É claro, que também há outras opções a ser discutidas, neste plano.

3. É indiferente se escrevo 'ação' em vez de 'acção'. Agora não pode ser para uma criança, uma vez que a sua escrita ainda não tem as bases suficientes e tem que ser acompanhada. Nisto, o papel dos professores também tem que ser revisto, uma vez que eles têm que ensinar ou alterar a ortografia. Este não é o primeiro acordo, certamente não será o último. Não percebo o porquê de tanto escândalo.

4. Plano da ortografia vs. Plano do léxico - a ortografia, no compto geral, pode ser a mesma, mas todos os países de expressão portuguesa vão continuar a ter léxico diferente. Porquê? Porque as influências linguísticas e culturais são diferentes. A evolução dos dialectos é diferente, quer na rapidez, quer nos resultados. Como dizia o Scolari - 'Pimbolim, é matraquilho'. Eu, portuguesa, continuarei a dizer matraquilho. Ele, brasileiro há-de continuar sempre a dizer pimbolim.

Concluíndo, como futura tradutora não estou totalmente em sintonia com o acordo, mas percebo em que moldes foi estruturado. Há que perceber que o acordo não tem a ver com nacionalidades, e que em nada muda a nossa maneira singular de pensar, de agir e de expressar.

É também óbvio que não gera consenso, nem em terras lusas, nem do outro lado do Atlântico. É no entanto, de salientar que com tanta piquice portuguesa o Brasil já se adiantou no que diz respeito ao mercado editorial e que com isso quem perde é Portugal por continuar num limbo.

Acho que o que tem que ser feito é uma revisão das regras linguísticas que o acordo apresenta.

O resto é conversa de intelectual ou de pessoa que não sabe do que é que anda a falar.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Antecipação

Uma das frases que melhor me descreve é 'Tu sofres por antecipação', seja no trabalho ou no amor.

Contudo, no amor é pior, porque são facadinhas daquelas muito agudas e que depois se salpica um pouco de limão e sal para arder.
E arde, arde e não é pouco.

A minha vida amorosa tem sido sempre assim. Não sei como gerir aquilo que sinto. No damage control.

Mas no meio desse sentimento de espera daquilo que ainda não aconteceu, há e houveram momentos de pura felicidade. Momentos em branco, onde não há mais nada se não aquilo que se passa naquele determinado espaço.
Não há trânsito, não há tempo e, por isso, não há prazos, não há trabalho, não há preocupações, nem tristezas. Só aquela carícia, aquele olhar, aquelas cócegas, aquela gargalhada intensa, aquela voz parva, aquela fuga de quem sabe que vai ser apanhado e vai ser envolvido num abraço forte e num beijo.
E no fim, qualquer que ele seja, isso fica sempre mais presente do que qualquer lágrima ou qualquer discussão. Que as dúvidas, por mais pertinentes que sejam, são abafadas por esses momentos quentes e acolhedores.

Não posso fazer promessas. É errado. Não se força o que se sente, nem o tempo. Também não gosto que me as façam, porque no fundo isso é apenas criar uma falsa esperança.

A única certeza que tenho a este ponto da minha vida é que tenho um ano mais à minha frente até ser licenciada. Vou stressar, vou dizer que odeio x matéria ou x professor. Been there, done that, não vale a pena lamentar, pois a sociedade é mesmo assim seja na vida acadérmica, seja na vida profissional.
Depois disso, só o destino sabe. Bruxelas, Paris ou Londres de novo...Não sei. Por um lado quero começar a ganhar o meu dinheiro, por outro tenho uma casa completamente nova para disfrutar. O sofrer por antecipação põe-se então em questão porquê? Por duas perguntas muito simples: Quem é que espera dois anos por alguém quando se tem 20 e tal anos? Se eu não o consegui antes, o que me faz acreditar que agora vou conseguir?

Em Setembro, ou mesmo antes, talvez volte a pegar nisto e diga 'Estava certa' ou 'Estava errada'. Em Setembro verei o que o destino me reservou.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Dino


Poucos sabem disto, porque durante muito tempo eu tinha vergonha de dizer que ainda hoje tenho um 'amigo'.

O Dino foi um presente para o meu irmão quando ele nasceu em 1992. Mas eu, sem maldade e nem me lembro do acto, apropriei-me para sempre do dito.
Chamei-o Dino muito provavelmente porque era muito parecido com o dinossauro dos Flinstones.

Uns anos mais tarde, em estado tal de degradação o meu pai adquiriu um segundo Dino, exactamente igual e que desta vez vinha com um mini Dino amarelo-tipo-colete reflector dentro de um ovo de borracha crachado ao meio, como se fosse um ovo pré-histórico. Infelizmente, uma vez que adoptei o mini Dino para viagens, acabei por perdê-lo numa delas.O primeiro Dino serviu de brinquedo a gatos e o segundo ainda hoje está comigo.

Passados mais de 10 anos, maravilha das Internetes, o meu namorado encontrou, talvez, o último dinossauro da colecção de '92 da Fisher Price.


PS - Dois posts num dia - É A LOUCURA!

Essências


Há uma coisa que só em Lisboa (e talvez Paris) faço - é sair de casa e dizer 'Não sei quando volto' e andar, sem destino, com o ipod no bolso.
Andar, andar, andar como se eu estivesse na música que estou a ouvir.

Sinto todas as notas, todos os sussurros, todas as respirações e mesmo o ranger dos bancos do estúdio, sinto cada palavra que movo nos meus lábios sem emitir som... Sinto todas as asneiras que fiz, todas as pessoas que eventualmente magoei e todas as que me magoaram a mim, sinto todos os momentos especiais, sinto todos os momentos de saudade, sinto as lágrimas, sinto os sorrisos, sinto as perguntas que me correiem e quero ardentemente fazer, porque me quero magoar mais para depois seguir... Sinto o atravessar da rua, as folhas das árvores a dançarem umas com as outras...

Voltei.

Entro no quarto, miro-me naquele grande espelho durante horas. Não procuro beleza, nem egocêntrismo. Procuro-me. Às vezes procuro a raiva em mim, outras a casmurrice, outras a felicidade. Miro-me porque às vezes até tenho respostas.

Um dia, nós os dois vamo-nos sentar e eu vou perguntar-te tudo aquilo que quero ouvir. Vou ter coragem e libertar-me. E depois segues, como fizeste tão bem.

Na quarta vou pegar no ipod e vou-me perder em Londres, porque quero cantarolar todas as canções saudosistas e com memórias. A música é a minha essência. É a arte que me transfigura, que me ensina e que me cura.
E quando voltar rendo-me à vida novamente.